ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ESPECIAL DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 29.03.1994.
Aos vinte e nove dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Primeira Sessão Especial da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura, destinada a homenagear os cem anos de fundação do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul dos Graus Quarto a Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito da Potência Maçônica, de acordo com o Requerimento nº 79/94 de autoria do Vereador Eloi Guimarães (Processo nº 578/94). Às dezessete horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos, convidando para comporem a Mesa o Senhor Aristides Elias da Silveira, Soberano Comendador da Potência Maçônica; o Senhor Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa; o Senhor Ibraim Nunes, Vice-Presidente da Assembléia Maçônica; o Vereador João Verle, representando neste ato o Senhor Prefeito Municipal e o Vereador Eloi Guimarães, Secretário dos trabalhos neste ato. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores para que se manifestassem sobre a presente homenagem. O Vereador Eloi Guimarães, em nome das Bancadas do PDT, PFL, PPS, PMDB, PSDB, PC do B e como proponente, discorreu sobre os cem anos de fundação do Supremo Conselho, registrando a importância ética da atuação dos maçons em nossa sociedade. Historiou sobre o rito escocês antigo e aceito, falando sobre o comedimento dos maçons em suas atividades. Declarou que a maçonaria esteve presente em momentos decisivos da história da humanidade, desejando continuidade nos trabalhos do Supremo Conselho e agradecendo pelos serviços prestados à nossa comunidade. O Vereador Henrique Fontana, em nome da Bancada do PT, declarou não dispor de muitos dados sobre a maçonaria, narrando episódio de sua infância ,onde destacou o fato da maçonaria estar envolta em muitos preconceitos. Ressaltou a importância social do resgate de valores éticos em nossa sociedade, dizendo que para isso muito contribuem os membros maçons na pregação e atuação pela igualdade, pela liberdade e pela fraternidade. Congratulou-se com todos os presentes pelos seus serviços prestados por uma sociedade mais humana e com valores mais sólidos. O Vereador Luiz Braz, em nome das Bancadas do PTB, PPR, PP registrou ser o público presente o mais seleto que se pode homenagear. Discorreu sobre a ascensão e lapidação dos membros da maçonaria através da evolução pelos seus diversos graus filosóficos. Falou sobre a importância da ética e da solidariedade maçônicas, saudando os cem anos de fundação do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul e a presença ilustre de todos os maçons no Plenário. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Aristides Elias da Silveira que, discorrendo sobre a evolução dos membros da Maçonaria, agradeceu a presente homenagem. Disse que a comunidade é o verdadeiro templo do maçon, onde ele deve ser justo e solidário, saudando, também, o aniversário de nossa Cidade. Em continuidade, o Senhor Presidente passou às mãos do Senhor Aristides Elias da Silveira quatro jogos de cartões postais com fotos de Porto Alegre produzidas pelos técnicos desta Casa e, às dezoito horas e vinte e seis minutos, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e Secretariados pelo Vereador Eloi Guimarães, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Eloi Guimarães, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz): Estão
abertos os trabalhos da presente Sessão Especial destinada a homenagear os cem
anos do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul, dos Graus Quarto a Trigésimo
Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito - Potência Maçônica.
Convido a fazer parte da Mesa o Ex.mo Sr. Aristides Elias da
Silveira, Soberano Comendador da Potência Maçônica; o Ex.mo Sr.
Jornalista Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de
Imprensa; o Ex.mo Sr. Ibraim Nunes, Vice-Presidente da Assembléia
Maçônica e o Ex.mo Sr. João Verle, representante do Senhor Prefeito
Municipal.
Queremos, primeiramente, saudar a todos os maçons, amigos de maçons que
comparecem, hoje, nesta tarde, na Câmara Municipal, e pedir desculpas a todos
pelo atraso, pois, tendo em vista a realização de uma Sessão Extraordinária,
que começou às 14h30min e só terminou agora, fomos forçados a retardar o início
desta Sessão Especial.
É uma satisfação muito grande para esta Casa receber os irmãos maçons.
Fico muito feliz em poder estar irmanado, hoje, com pessoas que, reconheço, são
basilares para que a nossa sociedade possa se erguer de acordo com os nossos
sonhos e com os nossos grandes ideais, e para que possamos ter um Brasil
completamente diferente no dia de amanhã.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra como proponente e falará
também pelas Bancadas do PDT, do PMDB, do PC do B, do PFL, do PPS e do PSDB.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Saúda os componentes da Mesa.)
Deveria estar aqui - e talvez daqui a alguns minutos aqui esteja - o Irmão
Geraldo Gaston, que foi um dos que, inclusive, mobilizou-se no sentido de se
prestar esta homenagem. Srs. Maçons; Sr.ªs aqui presentes; Srs.
Vereadores; Srs. Funcionários da Casa.
Não poderia a Câmara Municipal de Porto Alegre, que detém a vontade
coletiva da Cidade, deixar passar despercebida esta data que sinaliza um século
de fundação do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul dos Graus Quarto ao
Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito: entidade, corporação,
instituição humana de direito privado que foi fundada pelo Desembargador
Antônio Antunes Ribas, então Grande Mestre do Grande Oriente do Rio Grande do
Sul. O Supremo Conselho conta com cento e trinta e uma corporações filosóficas,
sendo oitenta e duas no Estado e quarenta e nove conveniadas no território
nacional e no exterior; congrega mais de cinco mil seiscentos e nove
associados, todos maçons de elevados graus, que seguem seu regulamento geral,
desenvolvendo sucessivamente as doutrinas e filosofia da Maçonaria,
constituindo-se, assim, em uma escola de moral e civismo.
Srs. Maçons, Sr. Presidente, quando formulamos pedido à Casa para esta
Sessão, ao referirmos o nome Supremo Conselho do Rio Grande do Sul dos Graus
Quarto ao Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito, houve um certo
desconhecimento, um nome extenso, até porque é da filosofia da Maçonaria ser
uma Entidade que labora sem alardes, que desenvolve os seus princípios de
forma, diríamos, comedida. Então buscamos uma fonte bibliográfica.
Como nós falamos para os Anais da Casa, falamos para a Cidade, falamos
para a história da Cidade, quiçá do Estado ou do País, não evidentemente para
os maçons que aqui nos honram com suas presenças, mas para as pessoas que no
futuro haverão de compulsar a história desta Casa, fomos buscar no “Diccionário
Enciclopédico de la Masoneria Argentina, redactado por los eruditos
francmasones Don Lorenzo Abrines e Don Rosendo Arús Arderiu, Grados 33 del Rito
Escocés Antiguo y Aceptado, Edición Argentina”, nomes de ritos da Maçonaria que
vulgarmente os irmãos confundem com uma só denominação. São seis os ritos
chamados Escoceses, a saber: Escocês Filosófico, em 15º; Escocês Primitivo, em
25º; Escocês Primitivo, em 33º; Escocês Primitivo, em 10º; Escocês Reformado,
em 7º; Escocês Filosófico, em 18º; Escocês Antigo e Aceito, em 33º.
Rito Escocês Antigo e Aceito se apóia, como instituição filosófica, nas
bases e estatutos secretos e verdadeiros da Ordem Maçônica Universal, segundo o
preceituado nas grandes constituições do Rito Escocês Antigo e Aceito do ano de
1786, ditadas por Frederico II, Rei da Prússia.
Evidentemente, Srs. Maçons, não pretendemos aprofundar aqui a história,
contar a história da Maçonaria, do próprio Supremo Conselho, estamos falando
para maçons, mas são dados que reputamos importantes para que fossem
transcritos nos Anais desta Casa.
A Câmara Municipal de Porto Alegre, que é uma instituição da Cidade,
como disse no início, não poderia deixar passar em brancas nuvens esta
efeméride, esta data, quando maçons de diversas partes do mundo, do Brasil,
vinculados ao Supremo Conselho, reúnem-se para comemorar a data de 30 de março:
os cem anos da criação do Supremo Conselho.
Se voltarmos os olhos à história, aos tempos, aos velhos tempos,
diríamos, à noite dos tempos, vamos constatar que a Maçonaria e os maçons
estiveram vinculados a todos os grandes e decisivos movimentos da história da
humanidade, nos mais diferentes setores desta caminhada da humanidade.
Se nós buscarmos a história do Brasil, as datas, os nossos
acontecimentos, nós vamos ver que a Maçonaria, de forma orgânica ou por um dos
seus ou por muitos dos seus, esteve sempre à frente dos grandes movimentos: a
Independência, a Proclamação da República, a Abolição da Escravatura. Pois bem,
todas as leis que aboliram e que precederam a Abolição da Escravatura foram
feitas por maçons.
Então nós ficamos a indagar se afinal esses homens maçons assim
procederam porque traziam nos seus corações a busca da liberdade, da igualdade
e da fraternidade e, por isso, puderam produzir, ao longo da história,
basicamente nesta grande cruzada que foi a Abolição da Escravatura, todo esse
arsenal de leis e normas, inclusive pela voz dos seus tribunos, nas praças
públicas. E aqui mencionaríamos, para não mencionar outros, Joaquim Nabuco,
Rui, Castro Alves, que foram maçons. Então a Maçonaria está na raiz dos
acontecimentos históricos da humanidade, ela está junto, caminhou na frente dos
grandes acontecimentos que plasmaram, que definiram, que moldaram a Pátria
comum, o nosso País. Seja pela independência na atuação decisiva dos Andradas;
seja na Proclamação da República, na espada dos seus generais maçônicos, enfim,
em todo o curso da nossa História.
Então, Sr. Presidente, Srs. Maçons, que honram esta Casa com as suas
presenças, nós hoje, aqui, estamos fazendo uma homenagem de profunda justiça e
reconhecimento a uma entidade, a uma idéia: enfim, a uma corporação cujos
princípios, já referidos, de justiça, de igualdade, de solidariedade. É uma das
marcas profundas a que relaciona a irmandade maçônica à solidariedade com os
semelhantes. Então, estamos hoje aqui.
A Casa, o Presidente Braz, realiza uma Sessão de alta relevância
porque, exatamente, homenageia, faz a sua homenagem à Maçonaria e, em especial,
ao Conselho que dia 30 de março - Supremo Conselho do Rio Grande do Sul - faz
cem anos de existência. Evidentemente, não poderíamos seguir citando e citando
nomes e feitos realizados por esta grande Ordem que vem, não sei até se não
vem, e dados bibliográficos assim nos dizem, vem desde Adão, varando os tempos
e chegando até nós. O que poderia, e fica aqui a grande indagação, por que uma
instituição como esta resistiu e resiste, a varar os tempos? O que teria feito
com que a Maçonaria, instituição humana, que tem muito de cautela, não diria
que tem segredo, mas que nunca, na sua história, preocupou-se em aparecer,
assim como os seus integrantes, as sua lojas, e sempre estiveram voltados para
aqueles objetivos, que ela bem define, de procurar o bem, de ajudar a
humanidade. Que combustível foi capaz de fazer com que esta instituição, que
atravessou os tempos, que feixe de princípios fez com que chegasse até o dia de
hoje? E, evidentemente, haverão de varar o futuro os princípios universais que a
Maçonaria tomou a si e que reproduz quando age na vida de relação e no
dia-a-dia da própria história.
É esse conjunto de princípios, por ela firmado, cujos integrantes
firmam, é exatamente a razão pela qual ela reproduz no campo da realidade
exterior os acontecimentos que referimos como tão importantes para o nosso País
e para a nossa Pátria. Fica nesta data - dia 30, os cem anos da Maçonaria - a
homenagem desta Casa do Povo de Porto Alegre aos maçons, aos integrantes do
Supremo Conselho. O nosso reconhecimento e, diria até, o agradecimento da
Cidade porque, quando fala o Vereador, fala a Casa, e, quando fala a Casa,
interpreta a Cidade, fala em nome da Cidade. Nós somos os delegados, a
representatividade da vontade coletiva da Cidade. Então, está aqui falando, e
outros Vereadores hão de falar, estará aqui a Cidade falando e a Cidade
agradecendo aos integrantes do Supremo Conselho e, de um modo geral, os
Senhores Maçons pelo muito que têm ajudado, pelas realizações da Entidade
através dos tempos. É a homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre que, mais
do que uma homenagem, mais do que um reconhecimento, é o agradecimento pelo que
a Maçonaria fez, pelo que a Maçonaria faz e pelo que a Maçonaria fará, ainda,
na busca da liberdade, na busca da igualdade, da fraternidade, na busca do
socorro, na busca da solidariedade.
Portanto, ilustres dirigentes, Soberano Comendador da Potência Maçônica
Sr. Aristides Elias da Silveira, Vice-Presidente da Assembléia Maçônica Sr.
Ibraim Nunes e demais Maçons aqui presentes, recebam a nossa homenagem. Recebam
da Cidade o agradecimento por muito e pelo muito que já fizeram e pelo muito
que ainda farão na construção do homem. Esta é a grande obra que a Maçonaria
coloca em prática, é a construção do ser humano, do homem dentro daqueles
princípios da austeridade, da retidão, e que, quando age o Maçom, ele age
exatamente expressando estes princípios na vida. Recebam a nossa homenagem, o
nosso carinho e, principalmente, o agradecimento da Casa do Povo de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Citamos as presenças do Ver.
Wilton Araújo, Ver. Elói Guimarães, Ver. João Verle e do Ver. Pedro Américo
Leal.
Fala pela Bancada do PT o Ver. Henrique Fontana.
O SR. HENRIQUE FONTANA: (Saúda os componentes da
Mesa.) Confesso aos Senhores que quando fui convocado pelo Líder da minha
Bancada a fazer este pronunciamento, me atraí pela possibilidade de conversar
com todos os Senhores. Não porque conheça a Maçonaria, mas porque lembrei,
naquele momento, de uma história de minha infância, que vou tentar transmitir.
Pois, seguramente, se fosse tentar falar, hoje, aqui, sobre a Maçonaria, eu não
falaria muitas novidades e poderia falar muitas coisas erradas, pois não
conheço com toda a profundidade a Maçonaria.
Lembro que uma vez ouvi uma conversa de meu pai com uma outra pessoa
onde comentavam: “fulano de tal participa da Maçonaria”. Aquilo me impressionou
bastante e perguntei a meu pai o que era Maçonaria. E meu pai, confesso aos
Senhores, me deu uma resposta um tanto quanto preconceituosa. Ele não lidava
bem com essas questões, com algumas decisões das coisas secretas. E aquilo me
impressionou naquela época. E eu, então, calquei na minha mente aquilo que é o
que mais combato hoje na minha atuação política e pessoal que é o preconceito.
Acho que a humanidade, na verdade, será tanto mais feliz quanto mais
preconceito ela vencer e quanto mais ela respeitar as diferentes visões que
cada pessoa tem, as diferentes iniciativas que cada uma das pessoas têm, as
diferentes iniciativas que as pessoas, que nós homens temos.
Quando fui incumbido pelo Partido dos Trabalhadores, combinamos na
Bancada que eu falaria, pensei exatamente nisso: eu quero me guiar pelos
princípios básicos e fundamentais, pelos princípios éticos que movem a
Maçonaria. Eu conversava com o Ver. Milton Zuanazzi e ele me colocava essa
tríade, vamos chamar assim, da liberdade, igualdade e fraternidade.
E tenho uma convicção muito profunda de que, mesmo sem conhecer a
Maçonaria... Eu não complementei a minha história. Ao longo da vida fui
conhecendo amigos, pais de amigos, pessoas que participam da Maçonaria e
comecei a perceber naquelas pessoas um referencial ético, uma maneira de se
comportar diante da vida que foi derrubando aquele preconceito que eu trazia. E
quando eu vejo essa tríade, acho que aqui está colocado o grande desafio da
humanidade, porque, hoje, a nossa humanidade sofre muitas pressões para
caminhar talvez pela tríade oposta à da liberdade, igualdade e fraternidade.
Na verdade, nós sofremos intensos, contínuos e até diários apelos para
que não aceitemos a igualdade, para que, ao contrário, caminhemos no sentido de
determinar a desigualdade entre os homens. Somos, diariamente, convidados a não
aceitar a liberdade de opção das pessoas, a liberdade de viver da maneira que
as pessoas se sintam melhor, desde que, obviamente, respeitem as necessidade
coletivas, porque essas para mim são o limite da liberdade de cada um de nós. É
não prejudicar o coletivo no qual nós vivemos, com o qual procuramos construir
um mundo melhor, mais justo e mais humano. E, por último, talvez o mais
importante, é a questão da fraternidade. Porque nós somos, na nossa sociedade,
hoje, na minha modesta opinião, educados não para esse sentimento de
fraternidade, tem muitas forças que nos educam para um sentimento de uma
competição desqualificada, na verdade, na idéia que, talvez, os homens poderiam
ser felizes passando por cima da infelicidade de outros homens. Eu acho que o
sentido da palavra fraternidade é exatamente este, o sentido de que nós não
seremos felizes se, para construirmos a nossa felicidade, tivermos que passar
por cima da infelicidade das pessoas.
Então, quero dizer a todos vocês que mesmo sem conhecer a Maçonaria eu
respeito profundamente esse princípio ético que está colocado na Maçonaria.
Concordo com as palavras do Ver. Elói Guimarães que, seguramente, a Maçonaria
tem contribuído muito para uma humanidade mais feliz e justa. Espero que o
mundo que estamos construindo juntos tenha cada vez mais espaço para que diferentes
pessoas, de diferentes visões do mundo, de formas de executar o bem e de lutar
por esta sociedade igualitária, libertária e fraterna que falamos tenham espaço
e que consigam tomar conta do leme que orienta a nossa humanidade, porque não
sabemos qual o futuro desta.
Este futuro está sempre em disputa e as pessoas de bem vão lutar para
que este futuro seja aquele que nós sonhamos e que seguramente a Maçonaria
também sonha. Deixo a minha homenagem, respeito e torço para que a Maçonaria
seja cada vez mais forte, executando cada vez melhor os princípios que ela
defende, em meu nome e da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Bancada do PTB, Partido
ao qual pertenço, mais as Bancadas do PPR e do PP, solicitaram que eu fizesse a
saudação, neste dia em que estamos homenageando os cem anos do Supremo Conselho
do Rio Grande do Sul dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro do Rito Escocês
Antigo e Aceito.
Na verdade eu aceitei a missão sabendo que é muito difícil de ser
desempenhada por uma questão muito simples: nós estamos na verdade, os meus
companheiros de Câmara, principalmente que são maçons como eu, por exemplo, os
Vereadores Wilton Araújo e Elói Guimarães, estamos falando aqui para o que
existe de melhor em termos de maçons. Os mais evoluídos estão sendo
homenageados neste Conselho, dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro.
Por que eu falo que são os melhores? É muito difícil quando se fala
para os melhores. Porque quando nós entramos na Maçonaria, nós somos admitidos
na Ordem Maçônica como uma pedra bruta que precisa ser lapidada. Por isso, nós
temos que passar por um longo caminho, e nesse longo caminho que nós
percorremos, nós vamos podendo ascender a patamares superiores, que nos levam,
cada vez, à condição de uma perfeição maior, e aquele homem que entrou como
pedra bruta, e que foi lapidado, teoricamente, chegaria ao terceiro grau e
estaria perfeito, pronto, na verdade, para atuar dentro da nossa sociedade e
ser o artífice de uma sociedade melhor, aquela que todos nós queremos. Esse
homem que está pronto para atuar dentro da sociedade, porque já foi lapidado,
ou teoricamente já foi lapidado, ou deveria ser lapidado. Nós da Maçonaria
sabemos muito bem que, infelizmente, para todos nós, muitos dos nossos irmãos
chegam ao terceiro grau e não têm todas as condições para entrarem ali. Mas,
depois de se encontrarem no terceiro grau, depois desse homem lapidado, é que
ele adquire o direito de começar a pleitear uma vaga nesses graus filosóficos,
nesses graus superiores, que vai do quarto até o trigésimo terceiro.
O cidadão que consegue penetrar no quarto já se dá por muito feliz,
porque ele foi além daquela perfeição inicial e exigida pela nossa sociedade
para todos os homens, ou aquilo que, realmente, seria o mais perfeito. Ele está
além daquela perfeição. E caminhar pelos graus filosóficos até chegar ao grau
trigésimo terceiro é alguma coisa muito difícil. É uma caminhada cada vez mais
difícil, porque ela está relacionada, não apenas com as disputas que nós temos
no nosso dia-a-dia, no campo material, ou com as conquistas que nós queremos
fazer no campo material. Esta caminhada está muito mais vinculada, na verdade,
às conquistas que temos que fazer em outros campos e que nos aproximam bem mais
do grande Arquiteto do Universo. E é por isso que eu, quando estou aqui, estou
falando para homens tão especais, para pessoas que se ainda não atingiram toda
aquela perfeição que buscamos dentro da nossa sociedade, e é claro que isso -
obviamente - é muito difícil, mas estão, pelo menos, no caminho para buscar
essa perfeição, que todos nós queremos chegar um dia. Não é que, de repente, o
maçom que conseguiu passar do grau quarto e chegou ao trigésimo terceiro é o
homem perfeito, mas é um homem cheio de conhecimentos, é um homem que tem
conhecimentos tão profundos que poderá - com suas atitudes, com seus atos, suas
ações - modificar a sociedade para melhor. É isso que estamos precisando.
Quando fazemos uma análise de nossas instituições todas, vemos que
existe uma podridão muito grande envolvendo nossas instituições. E para
salvá-las, para que possamos traçar novos caminhos, precisamos de orientadores,
precisamos de homens conscientes dos seus deveres, precisamos de maçons,
precisamos de pessoas que realmente saibam o que querem, na verdade, da vida,
pessoas que estejam ligadas, firmemente, aos desejos do grande Arquiteto do
Universo, ou pessoas que estejam pelo menos dispostas a ouvir todos os
ensinamentos que recebemos dentro de nossas instituições.
Quero cumprimentar esta Instituição a este Supremo Conselho por estar
hoje, aqui, comemorando estes cem anos - não é exatamente hoje, mas está
marcado para o dia trinta, hoje estamos realizando esta homenagem na Câmara
Municipal - queremos cumprimentar porque significa que há cem anos este Supremo
Conselho do Grande Oriente do Rio Grande do Sul está fazendo todo o possível
para que a sociedade possa ser melhorada, para que possamos nos desapegar de
conquistas vis, conquistas chãs, e partirmos para conquistas mais elevadas.
Cumprimentos a todos os senhores e que possam receber toda a força,
neste momento, do grande Arquiteto do Universo, assim como estão recebendo toda
a força da sociedade de Porto Alegre, que presta esta homenagem para que
continuem nessa caminhada e, se Deus quiser, possamos viver, todos juntos, num
mundo bem melhor. Parabéns a todos, por esses cem anos. (Palmas.)
Eu convido para fazer o uso da palavra, o Soberano Comendador do
Supremo Conselho do Rio Grande do Sul, dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro,
do Rito Escocês Antigo e Aceito, Comendador Aristides Elias da Silveira.
O SR. ARISTIDES ELIAS DA
SILVEIRA: Ilustríssimo
Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz;
Ilustríssimos Srs. Vereadores; Ilustríssimo Ver. Elói Guimarães, que teve a
gentileza de propiciar essa Sessão ao Supremo Conselho; Ilustríssimo Sr.
Vice-Presidente da Assembléia Maçônica, Irmão Ibraim Nunes; Ilustríssimo
representante do Sr. Prefeito de Porto Alegre, Ver. João Verle.
Depois do que foi dito por um Irmão, Sr. Presidente, que teve a
oportunidade de nos provocar um recolhimento interno, pensamos se realmente nós
temos trabalhado na proposição do Sr. Presidente.
Voltando-nos para o Elói Guimarães, que teve a oportunidade de
desdobrar todo o trabalho da Maçonaria, como se realmente Maçom ele fosse, e o
Vereador que me precedeu, contou-nos uma história; desses dois homens eu
concluí o seguinte: o Ver. Elói disse que a Maçonaria se propõe a organizar o
homem. Sr. Presidente, durante estes cem anos de existência do Supremo Conselho
do Rio Grande do Sul centenas de homens já passaram pelos nossos templos e
todos eles, de forma dedicada, conseguiram, de alguma forma, burilar a sua
pedra, lapidar de maneira que de alguma situação ele possa se tornar, em uma
oportunidade, pedra justa para completar um templo. O maçom, aquele que não
atingiu os graus filosóficos, aquele que só atingiu a plenitude maçônica do
grau três, ele é uma pedra polida capaz de, em algum lugar da sociedade, ser
útil, porque o maçom estrutura o seu trabalho, o seu relacionamento com a
sociedade e é lá que passa a ser o seu verdadeiro templo porque é no meio da
comunidade que o maçom tem que ser justo e procurar ser o mais perfeito
possível.
É na comunidade que o Supremo Conselho, durante estes cem anos, tem
proporcionado oportunidades de homens que por lá passaram se tornarem figuras
com distinção dentro da política, dentro das economias, dentro da sociedade em
geral, dentro do comércio e indústria. Encontramos em todos os setores da
comunidade um homem que, de alguma maneira, é um maçom; ou ele é um maçom
juramentado ou absorveu em alguma parte a doutrina e pratica na comunidade essa
possibilidade de ser útil à sociedade. Portanto, meu querido Presidente, meu
querido Irmão, o Supremo Conselho, na data em que comemora uma passagem de cem
anos de trabalhos ininterruptos, não houve um mês sequer que o Conselho
estivesse a descoberto, sempre houve trabalho permanente nas sua fileiras.
Mesmo no período de férias existem grupos de maçons trabalhando pela comunidade.
Nesta passagem dos cem anos, nos tornamos imensamente agradecidos pela
lembrança desta Casa, desta Casa do Povo, desta Casa que realmente comporta os
ideais da população de Porto Alegre. Sentimo-nos jubilados, por poder, junto
com o nosso aniversário, comemorar os duzentos e vinte anos de Porto Alegre.
É uma graça extraordinária podermos estar aqui todos reunidos em nome
do grande Arquiteto do Universo para dizer: muito obrigado por tudo que nos
prestou! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Eu queria agradecer as
palavras do Soberano Comendador Aristides Elias da Silveira; ele que está
dirigindo esse Supremo Conselho do Rio Grande do Sul, nos Graus Quarto ao
Trigésimo Terceiro.
Neste momento, vamos passar às mãos do Irmão quatro jogos de postais
que foram confeccionados aqui pela Câmara Municipal e que retratam a beleza de
Porto Alegre. O Irmão disse muito bem: “Junto com os cem anos do Supremo
Conselho, nós estamos também comemorando os duzentos e vinte anos de Porto
Alegre.”
Imagem que, quando começava o Supremo Conselho, Porto Alegre tinha
somente cento e vinte anos de existência. Nós temos certeza absoluta de que os
Irmãos saberão admirar a beleza destes postais que foram confeccionados por
técnicos de nossa Casa.
(É feita a entrega dos postais.) (Palmas.)
O SR. ARISTIDES ELIAS DA
SILVEIRA: Não
só os recebo por serem gravuras agradáveis aos olhos daqueles que tiverem a
oportunidade de ver o conjunto de fotografias, mas, também, quero dizer que
estas fotografias farão parte do nosso acervo, irão completar o nosso arquivo
dos cem anos do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul.
O SR. PRESIDENTE: Quero agradecer, mais uma
vez, a todos os Senhores, pela presença, hoje, em nosso Plenário. O Ver. Elói
foi muito feliz quando disse que, quando os Vereadores propõem uma homenagem,
na verdade não são apenas os trinta e três Vereadores que estão homenageando
uma instituição e sim toda uma cidade, porque aqui com os trinta e três
Vereadores está a representação de toda a nossa Porto Alegre.
Podem ter certeza, podem levar em suas consciências que a Cidade
realmente se sente agradecida pelo grande trabalho que o povo maçom faz em prol
da nossa belíssima Porto Alegre e, principalmente, aqueles que estão mais
elevados na escala humana, que desempenham um trabalho bem maior, é claro,
recebem os agradecimentos maiores de toda a nossa Porto Alegre. Muito obrigado.
(Levanta-se a Sessão às 18h26min.)
* * * * *