ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ESPECIAL DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 29.03.1994. 

 


Aos vinte e nove dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Primeira Sessão Especial da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura, destinada a homenagear os cem anos de fundação do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul dos Graus Quarto a Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito da Potência Maçônica, de acordo com o Requerimento nº 79/94 de autoria do Vereador Eloi Guimarães (Processo nº 578/94). Às dezessete horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos, convidando para comporem a Mesa o Senhor Aristides Elias da Silveira, Soberano Comendador da Potência Maçônica; o Senhor Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa; o Senhor Ibraim Nunes, Vice-Presidente da Assembléia Maçônica; o Vereador João Verle, representando neste ato o Senhor Prefeito Municipal e o Vereador Eloi Guimarães, Secretário dos trabalhos neste ato. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores para que se manifestassem sobre a presente homenagem. O Vereador Eloi Guimarães, em nome das Bancadas do PDT, PFL, PPS, PMDB, PSDB, PC do B e como proponente, discorreu sobre os cem anos de fundação do Supremo Conselho, registrando a importância ética da atuação dos maçons em nossa sociedade. Historiou sobre o rito escocês antigo e aceito, falando sobre o comedimento dos maçons em suas atividades. Declarou que a maçonaria esteve presente em momentos decisivos da história da humanidade, desejando continuidade nos trabalhos do Supremo Conselho e agradecendo pelos serviços prestados à nossa comunidade. O Vereador Henrique Fontana, em nome da Bancada do PT, declarou não dispor de muitos dados sobre a maçonaria, narrando episódio de sua infância ,onde destacou o fato da maçonaria estar envolta em muitos preconceitos. Ressaltou a importância social do resgate de valores éticos em nossa sociedade, dizendo que para isso muito contribuem os membros maçons na pregação e atuação pela igualdade, pela liberdade e pela fraternidade. Congratulou-se com todos os presentes pelos seus serviços prestados por uma sociedade mais humana e com valores mais sólidos. O Vereador Luiz Braz, em nome das Bancadas do PTB, PPR, PP registrou ser o público presente o mais seleto que se pode homenagear. Discorreu sobre a ascensão e lapidação dos membros da maçonaria através da evolução pelos seus diversos graus filosóficos. Falou sobre a importância da ética e da solidariedade maçônicas, saudando os cem anos de fundação do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul e a presença ilustre de todos os maçons no Plenário. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Aristides Elias da Silveira que, discorrendo sobre a evolução dos membros da Maçonaria, agradeceu a presente homenagem. Disse que a comunidade é o verdadeiro templo do maçon, onde ele deve ser justo e solidário, saudando, também, o aniversário de nossa Cidade. Em continuidade, o Senhor Presidente passou às mãos do Senhor Aristides Elias da Silveira quatro jogos de cartões postais com fotos de Porto Alegre produzidas pelos técnicos desta Casa e, às dezoito horas e vinte e seis minutos, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e Secretariados pelo Vereador Eloi Guimarães, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Eloi Guimarães, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.  

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Especial destinada a homenagear os cem anos do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul, dos Graus Quarto a Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito - Potência Maçônica.

Convido a fazer parte da Mesa o Ex.mo Sr. Aristides Elias da Silveira, Soberano Comendador da Potência Maçônica; o Ex.mo Sr. Jornalista Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa; o Ex.mo Sr. Ibraim Nunes, Vice-Presidente da Assembléia Maçônica e o Ex.mo Sr. João Verle, representante do Senhor Prefeito Municipal.

Queremos, primeiramente, saudar a todos os maçons, amigos de maçons que comparecem, hoje, nesta tarde, na Câmara Municipal, e pedir desculpas a todos pelo atraso, pois, tendo em vista a realização de uma Sessão Extraordinária, que começou às 14h30min e só terminou agora, fomos forçados a retardar o início desta Sessão Especial.

É uma satisfação muito grande para esta Casa receber os irmãos maçons. Fico muito feliz em poder estar irmanado, hoje, com pessoas que, reconheço, são basilares para que a nossa sociedade possa se erguer de acordo com os nossos sonhos e com os nossos grandes ideais, e para que possamos ter um Brasil completamente diferente no dia de amanhã.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra como proponente e falará também pelas Bancadas do PDT, do PMDB, do PC do B, do PFL, do PPS e do PSDB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Saúda os componentes da Mesa.) Deveria estar aqui - e talvez daqui a alguns minutos aqui esteja - o Irmão Geraldo Gaston, que foi um dos que, inclusive, mobilizou-se no sentido de se prestar esta homenagem. Srs. Maçons; Sr.ªs aqui presentes; Srs. Vereadores; Srs. Funcionários da Casa.

Não poderia a Câmara Municipal de Porto Alegre, que detém a vontade coletiva da Cidade, deixar passar despercebida esta data que sinaliza um século de fundação do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito: entidade, corporação, instituição humana de direito privado que foi fundada pelo Desembargador Antônio Antunes Ribas, então Grande Mestre do Grande Oriente do Rio Grande do Sul. O Supremo Conselho conta com cento e trinta e uma corporações filosóficas, sendo oitenta e duas no Estado e quarenta e nove conveniadas no território nacional e no exterior; congrega mais de cinco mil seiscentos e nove associados, todos maçons de elevados graus, que seguem seu regulamento geral, desenvolvendo sucessivamente as doutrinas e filosofia da Maçonaria, constituindo-se, assim, em uma escola de moral e civismo.

Srs. Maçons, Sr. Presidente, quando formulamos pedido à Casa para esta Sessão, ao referirmos o nome Supremo Conselho do Rio Grande do Sul dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito, houve um certo desconhecimento, um nome extenso, até porque é da filosofia da Maçonaria ser uma Entidade que labora sem alardes, que desenvolve os seus princípios de forma, diríamos, comedida. Então buscamos uma fonte bibliográfica.

Como nós falamos para os Anais da Casa, falamos para a Cidade, falamos para a história da Cidade, quiçá do Estado ou do País, não evidentemente para os maçons que aqui nos honram com suas presenças, mas para as pessoas que no futuro haverão de compulsar a história desta Casa, fomos buscar no “Diccionário Enciclopédico de la Masoneria Argentina, redactado por los eruditos francmasones Don Lorenzo Abrines e Don Rosendo Arús Arderiu, Grados 33 del Rito Escocés Antiguo y Aceptado, Edición Argentina”, nomes de ritos da Maçonaria que vulgarmente os irmãos confundem com uma só denominação. São seis os ritos chamados Escoceses, a saber: Escocês Filosófico, em 15º; Escocês Primitivo, em 25º; Escocês Primitivo, em 33º; Escocês Primitivo, em 10º; Escocês Reformado, em 7º; Escocês Filosófico, em 18º; Escocês Antigo e Aceito, em 33º.

Rito Escocês Antigo e Aceito se apóia, como instituição filosófica, nas bases e estatutos secretos e verdadeiros da Ordem Maçônica Universal, segundo o preceituado nas grandes constituições do Rito Escocês Antigo e Aceito do ano de 1786, ditadas por Frederico II, Rei da Prússia.

Evidentemente, Srs. Maçons, não pretendemos aprofundar aqui a história, contar a história da Maçonaria, do próprio Supremo Conselho, estamos falando para maçons, mas são dados que reputamos importantes para que fossem transcritos nos Anais desta Casa.

A Câmara Municipal de Porto Alegre, que é uma instituição da Cidade, como disse no início, não poderia deixar passar em brancas nuvens esta efeméride, esta data, quando maçons de diversas partes do mundo, do Brasil, vinculados ao Supremo Conselho, reúnem-se para comemorar a data de 30 de março: os cem anos da criação do Supremo Conselho.

Se voltarmos os olhos à história, aos tempos, aos velhos tempos, diríamos, à noite dos tempos, vamos constatar que a Maçonaria e os maçons estiveram vinculados a todos os grandes e decisivos movimentos da história da humanidade, nos mais diferentes setores desta caminhada da humanidade.

Se nós buscarmos a história do Brasil, as datas, os nossos acontecimentos, nós vamos ver que a Maçonaria, de forma orgânica ou por um dos seus ou por muitos dos seus, esteve sempre à frente dos grandes movimentos: a Independência, a Proclamação da República, a Abolição da Escravatura. Pois bem, todas as leis que aboliram e que precederam a Abolição da Escravatura foram feitas por maçons.

Então nós ficamos a indagar se afinal esses homens maçons assim procederam porque traziam nos seus corações a busca da liberdade, da igualdade e da fraternidade e, por isso, puderam produzir, ao longo da história, basicamente nesta grande cruzada que foi a Abolição da Escravatura, todo esse arsenal de leis e normas, inclusive pela voz dos seus tribunos, nas praças públicas. E aqui mencionaríamos, para não mencionar outros, Joaquim Nabuco, Rui, Castro Alves, que foram maçons. Então a Maçonaria está na raiz dos acontecimentos históricos da humanidade, ela está junto, caminhou na frente dos grandes acontecimentos que plasmaram, que definiram, que moldaram a Pátria comum, o nosso País. Seja pela independência na atuação decisiva dos Andradas; seja na Proclamação da República, na espada dos seus generais maçônicos, enfim, em todo o curso da nossa História.

Então, Sr. Presidente, Srs. Maçons, que honram esta Casa com as suas presenças, nós hoje, aqui, estamos fazendo uma homenagem de profunda justiça e reconhecimento a uma entidade, a uma idéia: enfim, a uma corporação cujos princípios, já referidos, de justiça, de igualdade, de solidariedade. É uma das marcas profundas a que relaciona a irmandade maçônica à solidariedade com os semelhantes. Então, estamos hoje aqui.

A Casa, o Presidente Braz, realiza uma Sessão de alta relevância porque, exatamente, homenageia, faz a sua homenagem à Maçonaria e, em especial, ao Conselho que dia 30 de março - Supremo Conselho do Rio Grande do Sul - faz cem anos de existência. Evidentemente, não poderíamos seguir citando e citando nomes e feitos realizados por esta grande Ordem que vem, não sei até se não vem, e dados bibliográficos assim nos dizem, vem desde Adão, varando os tempos e chegando até nós. O que poderia, e fica aqui a grande indagação, por que uma instituição como esta resistiu e resiste, a varar os tempos? O que teria feito com que a Maçonaria, instituição humana, que tem muito de cautela, não diria que tem segredo, mas que nunca, na sua história, preocupou-se em aparecer, assim como os seus integrantes, as sua lojas, e sempre estiveram voltados para aqueles objetivos, que ela bem define, de procurar o bem, de ajudar a humanidade. Que combustível foi capaz de fazer com que esta instituição, que atravessou os tempos, que feixe de princípios fez com que chegasse até o dia de hoje? E, evidentemente, haverão de varar o futuro os princípios universais que a Maçonaria tomou a si e que reproduz quando age na vida de relação e no dia-a-dia da própria história.

É esse conjunto de princípios, por ela firmado, cujos integrantes firmam, é exatamente a razão pela qual ela reproduz no campo da realidade exterior os acontecimentos que referimos como tão importantes para o nosso País e para a nossa Pátria. Fica nesta data - dia 30, os cem anos da Maçonaria - a homenagem desta Casa do Povo de Porto Alegre aos maçons, aos integrantes do Supremo Conselho. O nosso reconhecimento e, diria até, o agradecimento da Cidade porque, quando fala o Vereador, fala a Casa, e, quando fala a Casa, interpreta a Cidade, fala em nome da Cidade. Nós somos os delegados, a representatividade da vontade coletiva da Cidade. Então, está aqui falando, e outros Vereadores hão de falar, estará aqui a Cidade falando e a Cidade agradecendo aos integrantes do Supremo Conselho e, de um modo geral, os Senhores Maçons pelo muito que têm ajudado, pelas realizações da Entidade através dos tempos. É a homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre que, mais do que uma homenagem, mais do que um reconhecimento, é o agradecimento pelo que a Maçonaria fez, pelo que a Maçonaria faz e pelo que a Maçonaria fará, ainda, na busca da liberdade, na busca da igualdade, da fraternidade, na busca do socorro, na busca da solidariedade.

Portanto, ilustres dirigentes, Soberano Comendador da Potência Maçônica Sr. Aristides Elias da Silveira, Vice-Presidente da Assembléia Maçônica Sr. Ibraim Nunes e demais Maçons aqui presentes, recebam a nossa homenagem. Recebam da Cidade o agradecimento por muito e pelo muito que já fizeram e pelo muito que ainda farão na construção do homem. Esta é a grande obra que a Maçonaria coloca em prática, é a construção do ser humano, do homem dentro daqueles princípios da austeridade, da retidão, e que, quando age o Maçom, ele age exatamente expressando estes princípios na vida. Recebam a nossa homenagem, o nosso carinho e, principalmente, o agradecimento da Casa do Povo de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Citamos as presenças do Ver. Wilton Araújo, Ver. Elói Guimarães, Ver. João Verle e do Ver. Pedro Américo Leal.

Fala pela Bancada do PT o Ver. Henrique Fontana.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: (Saúda os componentes da Mesa.) Confesso aos Senhores que quando fui convocado pelo Líder da minha Bancada a fazer este pronunciamento, me atraí pela possibilidade de conversar com todos os Senhores. Não porque conheça a Maçonaria, mas porque lembrei, naquele momento, de uma história de minha infância, que vou tentar transmitir. Pois, seguramente, se fosse tentar falar, hoje, aqui, sobre a Maçonaria, eu não falaria muitas novidades e poderia falar muitas coisas erradas, pois não conheço com toda a profundidade a Maçonaria.

Lembro que uma vez ouvi uma conversa de meu pai com uma outra pessoa onde comentavam: “fulano de tal participa da Maçonaria”. Aquilo me impressionou bastante e perguntei a meu pai o que era Maçonaria. E meu pai, confesso aos Senhores, me deu uma resposta um tanto quanto preconceituosa. Ele não lidava bem com essas questões, com algumas decisões das coisas secretas. E aquilo me impressionou naquela época. E eu, então, calquei na minha mente aquilo que é o que mais combato hoje na minha atuação política e pessoal que é o preconceito.

Acho que a humanidade, na verdade, será tanto mais feliz quanto mais preconceito ela vencer e quanto mais ela respeitar as diferentes visões que cada pessoa tem, as diferentes iniciativas que cada uma das pessoas têm, as diferentes iniciativas que as pessoas, que nós homens temos.

Quando fui incumbido pelo Partido dos Trabalhadores, combinamos na Bancada que eu falaria, pensei exatamente nisso: eu quero me guiar pelos princípios básicos e fundamentais, pelos princípios éticos que movem a Maçonaria. Eu conversava com o Ver. Milton Zuanazzi e ele me colocava essa tríade, vamos chamar assim, da liberdade, igualdade e fraternidade.

E tenho uma convicção muito profunda de que, mesmo sem conhecer a Maçonaria... Eu não complementei a minha história. Ao longo da vida fui conhecendo amigos, pais de amigos, pessoas que participam da Maçonaria e comecei a perceber naquelas pessoas um referencial ético, uma maneira de se comportar diante da vida que foi derrubando aquele preconceito que eu trazia. E quando eu vejo essa tríade, acho que aqui está colocado o grande desafio da humanidade, porque, hoje, a nossa humanidade sofre muitas pressões para caminhar talvez pela tríade oposta à da liberdade, igualdade e fraternidade.

Na verdade, nós sofremos intensos, contínuos e até diários apelos para que não aceitemos a igualdade, para que, ao contrário, caminhemos no sentido de determinar a desigualdade entre os homens. Somos, diariamente, convidados a não aceitar a liberdade de opção das pessoas, a liberdade de viver da maneira que as pessoas se sintam melhor, desde que, obviamente, respeitem as necessidade coletivas, porque essas para mim são o limite da liberdade de cada um de nós. É não prejudicar o coletivo no qual nós vivemos, com o qual procuramos construir um mundo melhor, mais justo e mais humano. E, por último, talvez o mais importante, é a questão da fraternidade. Porque nós somos, na nossa sociedade, hoje, na minha modesta opinião, educados não para esse sentimento de fraternidade, tem muitas forças que nos educam para um sentimento de uma competição desqualificada, na verdade, na idéia que, talvez, os homens poderiam ser felizes passando por cima da infelicidade de outros homens. Eu acho que o sentido da palavra fraternidade é exatamente este, o sentido de que nós não seremos felizes se, para construirmos a nossa felicidade, tivermos que passar por cima da infelicidade das pessoas.

Então, quero dizer a todos vocês que mesmo sem conhecer a Maçonaria eu respeito profundamente esse princípio ético que está colocado na Maçonaria. Concordo com as palavras do Ver. Elói Guimarães que, seguramente, a Maçonaria tem contribuído muito para uma humanidade mais feliz e justa. Espero que o mundo que estamos construindo juntos tenha cada vez mais espaço para que diferentes pessoas, de diferentes visões do mundo, de formas de executar o bem e de lutar por esta sociedade igualitária, libertária e fraterna que falamos tenham espaço e que consigam tomar conta do leme que orienta a nossa humanidade, porque não sabemos qual o futuro desta.

Este futuro está sempre em disputa e as pessoas de bem vão lutar para que este futuro seja aquele que nós sonhamos e que seguramente a Maçonaria também sonha. Deixo a minha homenagem, respeito e torço para que a Maçonaria seja cada vez mais forte, executando cada vez melhor os princípios que ela defende, em meu nome e da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Bancada do PTB, Partido ao qual pertenço, mais as Bancadas do PPR e do PP, solicitaram que eu fizesse a saudação, neste dia em que estamos homenageando os cem anos do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Na verdade eu aceitei a missão sabendo que é muito difícil de ser desempenhada por uma questão muito simples: nós estamos na verdade, os meus companheiros de Câmara, principalmente que são maçons como eu, por exemplo, os Vereadores Wilton Araújo e Elói Guimarães, estamos falando aqui para o que existe de melhor em termos de maçons. Os mais evoluídos estão sendo homenageados neste Conselho, dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro.

Por que eu falo que são os melhores? É muito difícil quando se fala para os melhores. Porque quando nós entramos na Maçonaria, nós somos admitidos na Ordem Maçônica como uma pedra bruta que precisa ser lapidada. Por isso, nós temos que passar por um longo caminho, e nesse longo caminho que nós percorremos, nós vamos podendo ascender a patamares superiores, que nos levam, cada vez, à condição de uma perfeição maior, e aquele homem que entrou como pedra bruta, e que foi lapidado, teoricamente, chegaria ao terceiro grau e estaria perfeito, pronto, na verdade, para atuar dentro da nossa sociedade e ser o artífice de uma sociedade melhor, aquela que todos nós queremos. Esse homem que está pronto para atuar dentro da sociedade, porque já foi lapidado, ou teoricamente já foi lapidado, ou deveria ser lapidado. Nós da Maçonaria sabemos muito bem que, infelizmente, para todos nós, muitos dos nossos irmãos chegam ao terceiro grau e não têm todas as condições para entrarem ali. Mas, depois de se encontrarem no terceiro grau, depois desse homem lapidado, é que ele adquire o direito de começar a pleitear uma vaga nesses graus filosóficos, nesses graus superiores, que vai do quarto até o trigésimo terceiro.

O cidadão que consegue penetrar no quarto já se dá por muito feliz, porque ele foi além daquela perfeição inicial e exigida pela nossa sociedade para todos os homens, ou aquilo que, realmente, seria o mais perfeito. Ele está além daquela perfeição. E caminhar pelos graus filosóficos até chegar ao grau trigésimo terceiro é alguma coisa muito difícil. É uma caminhada cada vez mais difícil, porque ela está relacionada, não apenas com as disputas que nós temos no nosso dia-a-dia, no campo material, ou com as conquistas que nós queremos fazer no campo material. Esta caminhada está muito mais vinculada, na verdade, às conquistas que temos que fazer em outros campos e que nos aproximam bem mais do grande Arquiteto do Universo. E é por isso que eu, quando estou aqui, estou falando para homens tão especais, para pessoas que se ainda não atingiram toda aquela perfeição que buscamos dentro da nossa sociedade, e é claro que isso - obviamente - é muito difícil, mas estão, pelo menos, no caminho para buscar essa perfeição, que todos nós queremos chegar um dia. Não é que, de repente, o maçom que conseguiu passar do grau quarto e chegou ao trigésimo terceiro é o homem perfeito, mas é um homem cheio de conhecimentos, é um homem que tem conhecimentos tão profundos que poderá - com suas atitudes, com seus atos, suas ações - modificar a sociedade para melhor. É isso que estamos precisando.

Quando fazemos uma análise de nossas instituições todas, vemos que existe uma podridão muito grande envolvendo nossas instituições. E para salvá-las, para que possamos traçar novos caminhos, precisamos de orientadores, precisamos de homens conscientes dos seus deveres, precisamos de maçons, precisamos de pessoas que realmente saibam o que querem, na verdade, da vida, pessoas que estejam ligadas, firmemente, aos desejos do grande Arquiteto do Universo, ou pessoas que estejam pelo menos dispostas a ouvir todos os ensinamentos que recebemos dentro de nossas instituições.

Quero cumprimentar esta Instituição a este Supremo Conselho por estar hoje, aqui, comemorando estes cem anos - não é exatamente hoje, mas está marcado para o dia trinta, hoje estamos realizando esta homenagem na Câmara Municipal - queremos cumprimentar porque significa que há cem anos este Supremo Conselho do Grande Oriente do Rio Grande do Sul está fazendo todo o possível para que a sociedade possa ser melhorada, para que possamos nos desapegar de conquistas vis, conquistas chãs, e partirmos para conquistas mais elevadas.

Cumprimentos a todos os senhores e que possam receber toda a força, neste momento, do grande Arquiteto do Universo, assim como estão recebendo toda a força da sociedade de Porto Alegre, que presta esta homenagem para que continuem nessa caminhada e, se Deus quiser, possamos viver, todos juntos, num mundo bem melhor. Parabéns a todos, por esses cem anos. (Palmas.)

Eu convido para fazer o uso da palavra, o Soberano Comendador do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul, dos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro, do Rito Escocês Antigo e Aceito, Comendador Aristides Elias da Silveira.

 

O SR. ARISTIDES ELIAS DA SILVEIRA: Ilustríssimo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; Ilustríssimos Srs. Vereadores; Ilustríssimo Ver. Elói Guimarães, que teve a gentileza de propiciar essa Sessão ao Supremo Conselho; Ilustríssimo Sr. Vice-Presidente da Assembléia Maçônica, Irmão Ibraim Nunes; Ilustríssimo representante do Sr. Prefeito de Porto Alegre, Ver. João Verle.

Depois do que foi dito por um Irmão, Sr. Presidente, que teve a oportunidade de nos provocar um recolhimento interno, pensamos se realmente nós temos trabalhado na proposição do Sr. Presidente.

Voltando-nos para o Elói Guimarães, que teve a oportunidade de desdobrar todo o trabalho da Maçonaria, como se realmente Maçom ele fosse, e o Vereador que me precedeu, contou-nos uma história; desses dois homens eu concluí o seguinte: o Ver. Elói disse que a Maçonaria se propõe a organizar o homem. Sr. Presidente, durante estes cem anos de existência do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul centenas de homens já passaram pelos nossos templos e todos eles, de forma dedicada, conseguiram, de alguma forma, burilar a sua pedra, lapidar de maneira que de alguma situação ele possa se tornar, em uma oportunidade, pedra justa para completar um templo. O maçom, aquele que não atingiu os graus filosóficos, aquele que só atingiu a plenitude maçônica do grau três, ele é uma pedra polida capaz de, em algum lugar da sociedade, ser útil, porque o maçom estrutura o seu trabalho, o seu relacionamento com a sociedade e é lá que passa a ser o seu verdadeiro templo porque é no meio da comunidade que o maçom tem que ser justo e procurar ser o mais perfeito possível.

É na comunidade que o Supremo Conselho, durante estes cem anos, tem proporcionado oportunidades de homens que por lá passaram se tornarem figuras com distinção dentro da política, dentro das economias, dentro da sociedade em geral, dentro do comércio e indústria. Encontramos em todos os setores da comunidade um homem que, de alguma maneira, é um maçom; ou ele é um maçom juramentado ou absorveu em alguma parte a doutrina e pratica na comunidade essa possibilidade de ser útil à sociedade. Portanto, meu querido Presidente, meu querido Irmão, o Supremo Conselho, na data em que comemora uma passagem de cem anos de trabalhos ininterruptos, não houve um mês sequer que o Conselho estivesse a descoberto, sempre houve trabalho permanente nas sua fileiras. Mesmo no período de férias existem grupos de maçons trabalhando pela comunidade.

Nesta passagem dos cem anos, nos tornamos imensamente agradecidos pela lembrança desta Casa, desta Casa do Povo, desta Casa que realmente comporta os ideais da população de Porto Alegre. Sentimo-nos jubilados, por poder, junto com o nosso aniversário, comemorar os duzentos e vinte anos de Porto Alegre.

É uma graça extraordinária podermos estar aqui todos reunidos em nome do grande Arquiteto do Universo para dizer: muito obrigado por tudo que nos prestou! Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu queria agradecer as palavras do Soberano Comendador Aristides Elias da Silveira; ele que está dirigindo esse Supremo Conselho do Rio Grande do Sul, nos Graus Quarto ao Trigésimo Terceiro.

Neste momento, vamos passar às mãos do Irmão quatro jogos de postais que foram confeccionados aqui pela Câmara Municipal e que retratam a beleza de Porto Alegre. O Irmão disse muito bem: “Junto com os cem anos do Supremo Conselho, nós estamos também comemorando os duzentos e vinte anos de Porto Alegre.”

Imagem que, quando começava o Supremo Conselho, Porto Alegre tinha somente cento e vinte anos de existência. Nós temos certeza absoluta de que os Irmãos saberão admirar a beleza destes postais que foram confeccionados por técnicos de nossa Casa.

 

(É feita a entrega dos postais.) (Palmas.)

 

O SR. ARISTIDES ELIAS DA SILVEIRA: Não só os recebo por serem gravuras agradáveis aos olhos daqueles que tiverem a oportunidade de ver o conjunto de fotografias, mas, também, quero dizer que estas fotografias farão parte do nosso acervo, irão completar o nosso arquivo dos cem anos do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul.

 

O SR. PRESIDENTE: Quero agradecer, mais uma vez, a todos os Senhores, pela presença, hoje, em nosso Plenário. O Ver. Elói foi muito feliz quando disse que, quando os Vereadores propõem uma homenagem, na verdade não são apenas os trinta e três Vereadores que estão homenageando uma instituição e sim toda uma cidade, porque aqui com os trinta e três Vereadores está a representação de toda a nossa Porto Alegre.

Podem ter certeza, podem levar em suas consciências que a Cidade realmente se sente agradecida pelo grande trabalho que o povo maçom faz em prol da nossa belíssima Porto Alegre e, principalmente, aqueles que estão mais elevados na escala humana, que desempenham um trabalho bem maior, é claro, recebem os agradecimentos maiores de toda a nossa Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h26min.)

 

* * * * *